Juntamente com o avanço de espiritualidades não-convencionais ou alternativas e dos novos movimentos religiosos, o século XX foi marcada por profundas reformas de instituições religiosas tradicionais como a Igreja Católica. Nessas transformações da espiritualidade contemporânea, o sagrado feminino tornou-se mais cultuado no Ocidente do que era há alguns séculos atrás.
O surgimento dos movimentos feministas e a crise ecológica geraram um questionamento radical dos paradigmas de ciência e espiritualidade ocidentais. Nesta crítica, o sagrado feminino, geralmente associado à natureza, é concebido como princípio ou elemento a ser resgatado pela civilização ocidental, pela ciência moderna e pela religião. Este retorno ou resgate do sagrado feminino está ligado no plano político a uma crítica da separação radical entre mente e corpo, razão e intuição, sujeito e objeto, natureza e cultura.
O surgimento de novas formas de culto ao sagrado feminino na religião e na espiritualidade não pode ser separado dos movimentos sociais feministas, ecológicos e de diversidade sexual, surgidos nas últimas décadas.
Dentro deste contexto, esta pesquisa se propõe a analisar a relação entre movimentos sociais e espiritualidade no mundo contemporâneo. A pesquisa irá comparar três diferentes formas de culto ao sagrado feminino - a teologia feminista cristã, o neopaganismo e as religiões de matriz africana - analisando o seu papel na articulação de movimentos sociais feministas, de diversidade sexual e ecológicos.
A metodologia da pesquisa abrangerá a revisão teórica e bibliográfica, pesquisa em documentos e pesquisa de campo etnográfica com base em entrevistas. O locus principal da coleta de dados etnográficos será o Brasil e Portugal, podendo eventualmente a título de comparação abranger outros países e regiões da Europa, como a Galizia, na Espanha, e a Inglaterra.
Muito interessante, Dani, gostaria de participar, se possível, abraço, Carol.
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